Rev. José Vasconcelos da Silva Filho
18º Congresso – ICCC
De 23 a 28 de janeiro 2012
Serra Negra/SP.
Batalhemos unidos, purificando a casa de Deus.
“A noite é passada e o dia é chegado. Rejeitemos, pois, as obras das trevas e revistamo-nos das armas da luz. (Rom. 13:12)
Saudo a todos os irmãos participantes deste congresso com as palavras do Ap. Paulo
Registradas em Filipenses 4:23 - “A graça de nosso Senhor Jesus Cristo seja com todos vós. Amem!
Para mim é uma grande honra e um grande privilégio falar-vos nesta manhã sobre o tema que nos foi dado: “Batalhemos unidos, purificando a casa de Deus.”
Precisamos considerar três coisas neste tema.
A primeira é a necessidade de batalharmos. Judas sentiu esta necessidade ao escrever sua epístola. Defender a fé apostólica contra os falsos ensinos que estavam surgindo na igreja. “Amados procurando eu escrever-vos com toda a diligência acerca da salvação comum, tive por necessidade escrever-vos e exortar-vos a batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos” Jd. 1:3
Vemos aqui a preocupação de Judas, pois a fé dos seus destinatários corria grave perigo. Então ele priorizou esta exortação que é a defesa da fé. O verso grego indica uma luta corpo a corpo para defender as verdades básicas do evangelho que nos tem sido transmitidas de mão em mão.
Quando Judas faz uso do advérbio “uma vez por todas”, está a nos dizer: que estas verdades são imutáveis, não se pode alterar, não se pode diminuir. Acerca disto, corroborou o apóstolo Paulo. “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema” Gal. 1:8
O evangelho é eterno Ap. 14:6, porque Jesus Cristo é o centro do evangelho. Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. (Heb. 13:8) – No vers. 4, Judas declara explicitamente donde partia o grave perigo contra a fé cristã. “Porque introduziram alguns que já antes estavam escritos para este mesmo juízo, homens ímpios que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus único dominador e Senhor nosso, Jesus Cristo”.
O escritor sagrado está se referindo a certos indivíduos que são ímpios, que se introduzem sorrateiramente na igreja. Estes convertem em libertinagem, a graça de Deus. Usam o evangelho como base para satisfazer seus desejos carnais. Negam a Jesus Cristo o lugar que lhe pertence como dono e Senhor. Daí a exortação “Batalhemos pela Fé”.
- Em fevereiro de 1992, participamos de XIV Congresso da ALADIC em Santiago do Chile. Na ocasião, todos nós fomos alertados quanto aos perigos que cercavam a igreja do nosso Senhor Jesus Cristo. Dentre os temas abordados, tratou-se sobre o problema de se ter uma Bíblia adulterada, da falsa música “chamada evangélica”, do movimento carismático caracterizado pela união de pentecostalismo e ecumenismo.
Estamos há 19 anos daquele congresso. Nesse tempo, surgiram novos inimigos da cruz de Cristo, da sã doutrina e da moral. Novos ventos de apostasia tem soprado sobre o mundo de uma forma avassaladora. Nunca sofremos tantos ataques como nestes últimos dias. Temos que usar toda a armadura de Deus e empunhar a espada do Espírito.
No passado, aos poucos os racionalistas foram penetrando nos seminários e escolas, chamando-se a si mesmos apenas liberais que pediam para si um pouco de compreensão e amor da parte dos conservadores, até que se tornaram uma minoria ativa dentro dos arraiais protestantes. Isso provocou a natural e indispensável reação dos ortodoxos conservadores.
Chegamos então a calamitosa condição do séc. XX, tendo em cada grupo Cristão, uma parte conservadora e fiel aos princípios da palavra de Deus, batalhando pela Fé, uma minoria porém de liberais muito poderosa, e uma grande maioria acomodada a qualquer posição condescendente com os apóstatas dos princípios bíblicos.
Essa maioria que se acomoda, sempre é exatamente a que está pelo seu voto abrindo a porta das denominações evangélicas ao mundanismo, ao modernismo, e a completa apostasia.
Perguntamos: que lugar temos ocupado no cenário evangélico? Na batalha pela verdade e pela moralidade, temos estado na linha de combate contendendo pela fé e enfrentando as hostes malígnas? Se não nos empenharmos nessa luta o que vamos esperar do futuro da igreja? Aonde estarão os nossos filhos e netos?
Que o Senhor nos livre da acomodação. Dessa acomodação crescente no mundo atual, aonde cada pessoa é autônoma, liberdade de toda a lei, de todo o princípio absoluto, tudo é relativo.
Vivemos a época dos juízes, cada um faz o que bem parece aos seus olhos.
A segunda coisa é: A necessidade de Batalharmos Unidos.
No XIV Congresso da ALADIC, resolveu-se exortar a todos os crentes fieis da América Latina a fazer todo o esforço possível para unir-se com seus irmãos de todo o mundo para esforçar-se e estimular-se mutuamente no testemunho da evangelização e da boa batalha da fé.
Há um fato digno de ser mencionado que está registrado em Juízes 5:23, “Amaldiçoai a Meroz, diz o anjo do Senhor, amaldiçoai aos seus moradores; porquanto não vieram em socorro do Senhor, em socorro do Senhor com os valorosos”.
Os Israelitas estavam há vinte anos sob o jugo de Jabim rei de Canaã, quando Débora e Baraque impelidos pelo Senhor, levantaram-se contra o opressor. Aos olhos humanos, eram-lhes impossível vencer o inimigo, ele estava muito bem aparelhado, mas o Senhor os livrou poderosamente concedendo-lhes grande vitória.
Então Débora louva ao Senhor. “Eu cantarei ao Senhor, salmodiarei ao Senhor Deus de Israel”, no meio do louvor, Débora faz uma declaração estarrecedora: “Amaldiçoai a Meroz, diz o anjo do Senhor”.
Meroz significa lugar de refúgio. Era o nome de uma aldeia antiga nos confins de Issacar e Naftali. Ao longo da estrada, estrada dos fugitivos para alguma das cidades de refúgio.
Talvez o seu nome provenha dessa circunstância. Notemos que a maldição contida no texto, não é de Débora, mas sim, do anjo do Senhor.
Acredita-se que Meroz fosse uma vila perto do campo de batalha, porque não foi em auxílio dos seus irmãos? Teriam eles algum acordo secreto com os inimigos? Não acreditavam na vitória ou não queriam se envolver na luta? Algum motivo houve.
O Senhor não deixou faltar seu auxílio aos que estavam lutando, mas considerou a atitude de Meroz como indígna, condenável, digna de maldição.
A causa da maldição: recusa para cooperar na batalha, indiferença, comodismo, incredulidade.
Estamos diante de uma grande luta, e como é triste vermos muitos dos nossos irmãos semelhantes a Meroz. Na definição de uma atitude, em situações graves, na defesa da fé, muitas vezes não recebemos o apoio de quem esperávamos receber.
Homens iam lutar pela sua Pátria, arriscariam suas vidas. Muitos não esperavam rever mulher, filhos, mas havia um interesse acima de todas as coisa, o interesse da Pátria. Meroz no mínimo se pôs neutro e a neutralidade nesse caso é crime.
Quando se trata do interesse da causa de Deus, da causa de Cristo, negar apoio, lançar a carga a ombros alheios, encartelar-se no comodismo e na indiferença, é atitude condenável, repulsiva. Que o Senhor nos guarde da atitude de Meroz, batalhemos unidos.
A terceira coisa: A necessidade urgente da purificação.
Em todas as épocas se fez necessário purificar, restaurar a casa do Senhor das rachaduras feitas pelo inimigo das nossa almas.
Há nas Sagradas Escrituras, um exemplo digno de ser imitado quando se trata de reparar as fendas da casa de Deus.
Refiro-me ao rei Ezequias, um dos mais notáveis reis de Judá. Quando ele assumiu o reinado, a vida religiosa da nação, estava contaminada por influências pagãs. E o pior é que seu pai Acaz, havia contribuído para isso.
As primeiras profecias de Isaías, revelam a superstição, a idolatria e a cegueira espiritual em que se encontrava o povo.
Para termos uma ideia sobre a vida religiosa do povo; “eles estavam adorando a serpente de metal, levantada por Moisés. Ezequias teve a coragem de destruí-la. (II Reis 18:4).
Quando Ezequias começou a reinar, tinha 25 anos de idade e fez o que era reto aos olhos do Senhor, como Davi seu pai. (ICr. 29:2).
Em IIReis 18: 5, 6 temos um testemunho ao seu respeito: “No Senhor Deus de Israel confiou, se achegou ao Senhor, não se apartou Dele e guardou os mandamentos que o Senhor tinha dado a Moisés.
Sua primeira atitude no início do seu reinado foi reformar a casa do Senhor. Sua primeira preocupação não foi melhorar a condição material do seu reino, foi sim, restaurar a religião, ele começou por Deus. Noé quando desceu da arca, a sua primeira atitude foi construir um altar – primeiro Deus.
Ezequias fez um discurso aos sacerdotes e levitas. Um grande discurso. Nele, ele expõe a desolação da religião, por causa da transgressão de seus antepassados. A casa de Deus havia sido abandonada “...desviaram os seus rostos do tabernáculo do Senhor” (IICr. 29:6)
Os serviços do templo “instituídos pelo Senhor”, haviam sido interrompidos. As lâmpadas estavam apagadas, não se queimavam incensos, não se ofereciam holocaustos.
Na igreja aonde não se prega mais a Palavra, a lâmpada apagou. Assim como a lâmpada representa a palavra de Deus, o incenso representa as orações dos santos (Ap. 5:8). Na igreja aonde não se oferece dignamente orações e louvores, está cometendo negligência grande, negligência diante do Senhor.
Em segundo lugar, no seu discurso, Ezequias mostrou a triste consequência do descuido da religião entre eles. Em terceiro lugar, ele declarou seu firme propósito e resolução de reavivar a religião e promovê-la com todas as suas forças. Ele está disposto a adorá-Lo e somente a Ele da maneira como Ele instituiu.
Em Ezequiel cap. 8, temos um quadro lamentável repetido em todas as épocas. Um quadro deplorável característico de franca apostasia que no decorrer dos séculos, tem penetrado na casa de Deus, e por isto, se faz necessário uma purificação.
Aqui tem-se uma visão do que ocorria em Jerusalém quando a primeira leva de Judeus havia sido deportado para a Babilonia. Ezequiel estava na terra dos Caldeus quando o Senhor lhe apareceu e o transportou em espírito até Jerusalém para que ali visse o opróbrio de Israel.
1) A primeira coisa vista pelo o profeta foi uma imagem. “a imagem de ciúmes” o ídolo do céu que estava posto junto a porta do altar.
Aquele ídolo, provavelmente, era a figura de Aserá ou Astarote, sua imagem representava simbolicamente a lua crescente. Era adorada como “A rainha dos céus”. Essa adoração havia se tornado comum entre os judeus. Eles disseram ao profeta Jeremias numa atitude insana “Desde que cessamos de queimar incenso à Rainha dos Céus e de lhe oferecer libações, tivemos falta de tudo” (Jer. 44:18). Todos nós sabemos que a igreja católica nunca deixou de adorar a Maria como a rainha do céu. O profeta dá a entender que aquela imagem era ofensiva a Deus em mais alto grau e provocava os céus.
As palavras do Senhor registradas no vers.6, parece-nos ditas agora “filho do homem, vês tu o que eles estão fazendo? As grandes abominações que a casa de Israel faz aqui para que me afaste do meu santuário?” (Ez. 8:6)
Mas a ofensa ao Senhor da glória não se limitava apenas a adoração aquele ídolo. O Senhor disse ao profeta; “verás maiores abominações”.
2) Agora o profeta é levado à entrada do átrio exterior. Ao lado os sacerdotes tinham suas câmaras de alojamentos. O Senhor diz a Ezequiel; entra e vê, as malignas abominações que se fazem aqui. O que o profeta viu? Uma espécie de panteão, uma coleção de todos os ídolos pintados nas paredes e no corredor.
Mas uma vez o Senhor dirige-se ao profeta, “viste filho do homem o que os anciãos da casa de Israel fazem nas trevas? Eles ocultavam do público suas práticas abomináveis, eles não tinham escrúpulos em violar a lei de Deus.
3) Mas os pecados não eram apenas estes, o Senhor torna a dizer: “Tornarás a ver ainda maiores abominações do que a que estes fazem”. O que o Senhor mostra ao profeta agora? Mulheres assentadas à porta da casa do Senhor chorando por Tamuz.
Tamuz era uma deidade Babilonica, esposo de Istar. A cada ano era morto pelo deus sol, mas readquiria vida num requinte de ostentação. A cada ano acontecia a morte e o renascer. Mais tarde este Tamuz foi o adônis dos gregos.
Este choro por Tamuz atravessou os séculos. As festas em honra de adônis levavam as mulheres passarem esse período em nojo e tristeza, tendo como obrigação derramarem copiosas lágrimas.
Por imitação a esta festa, a mitologia moderna estabeleceu a quaresma e na última semana que se chama “santa”, não se varria a casa, pouco se falava, jejuava-se quatro dias, nas igrejas as mulheres davam bofetadas em si mesmas e choravam. Algumas delas chegavam a desmaiar. Posto que no momento essa prática está caindo no desuso, muitos de nós da América Latina fomos testemunhas dessa prática.
4) Como se não bastassem todas essas abominações, chegamos ao clímax dos caminhos idolátricos. “Viste filho do homem? Torna o Senhor a falar com Ezequiel. Verás abominações maiores do que estas”. “E levou-me para o átrio inferior da casa do Senhor e eis que estavam à entrada do Templo do Senhor entre o pórtico e o altar, cerca de vinte e cinco homens, de costas para o Templo do Senhor, e com os rostos para o oriente e eles adoravam o sol, virados para o oriente” v. 16
Situação deplorável. Aquele Templo, idealizado pelo grande rei Davi e construído por Salomão para que a glória do Senhor nele habitasse, estava agora sendo usado para toda manifestação pecaminosa, por parte de quem deveria adorar e louvar ao Senhor.
De que as igrejas precisam ser purificadas em nossos dias? De muitos males.
As velhas mentiras de satanás tem penetrado no seio das igrejas com múltiplos disfarces.
No passado a heresia gnóstica esteve presente na igreja primitiva por cerca de cento e cinquenta anos e, oito livros do Novo Testamento foram escritos contra ela.
Colossenses, três epístolas Joaninas, e a epístola de Judas, além de alusões feitas também no evangelho de João, no livro de Apocalipse e na epístola aos Efésios. Daí percebemos quão terrível era essa heresia e como se infiltrou no seio da igreja.
O Gnosticismo era uma mistura de misticismo oriental, filosofia, mitologia, astrologia, neoplatonismo grego e por fim também, cristianismo.
Os gnósticos valorizavam coisas inferiores como seres angelicais e visões, negando a honra que cabe a Cristo e ignorando o seu Senhorio.
O que vemos hoje, muitos religiosos tem supervalorizado a presença e a atuação dos anjos nos cultos. Algumas práticas gnósticas são bem evidentes no seio da igreja hoje, como o uso de objetos e símbolos materiais destinados a cura e milagres. Correntes e campanhas exaustivas, supervalorização dos dons e venda de meios de graça, além do acirrado ascetismo de algumas denominações.
Os gnósticos também primavam por falso misticismo, eles eram os verdadeiramente espirituais. O que temos visto hoje nas igrejas evangélicas (em especial no Brasil), pastores com superpoderes, se auto denominando “apóstolos” resgatando assim a supremacia que a igreja católica deu ao apóstolo Pedro.
O gnosticismo que tanto preocupou no passado e foi combatido pelos apóstolos e posteriormente pelos pais da igreja e grandes apologistas dos primeiros séculos, deverá ser detectado e urgentemente combatido em nossas igrejas. Esse misticismo sutil, já penetrou em algumas igrejas consideradas históricas e, como um produto corrosivo, vai destruindo o que encontra pela frente. Estejamos vigilantes porque não estamos imunes a esses ataques.
Outro mal que tem tomado proporções avassaladoras no meio evangélicos, são os chamados neo-libertinos. A terminologia parece-nos indicar que é algo novo, mas na verdade é uma velha mentira que ressurge como moderno. Encontro o primeiro libertino nas páginas do Antigo Testamento. Quem nunca ouviu ou leu sobre Balaão? Foi ele que ensinou os filhos de Israel a se prostituir com as canaanitas e a praticar a religião delas como se fosse algo aceitável a Deus. (Nm. 31:16)
Para nossa surpresa, nos deparamos com a prática dessa doutrina na igreja de Pérgamo “umas poucas coisas tenho contra a ti, porque tens lá os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para que comesse dos sacrifícios da idolatria e se prostituíssem” (Ap. 2:14) – doutrina de Balaão parece ter sido uma designação relativamente comum no séc. I, para os libertinos.
Assim, nós os encontramos infiltrados nas comunidades evangélicas primitivas, ensinando que a graça de Deus permitia ao cristão a participação nos sacrifícios pagãos oferecidos no Templo.
O apóstolo Paulo os encontrou em Corinto, que achava que tudo era lícito ao crente, inclusive participar dos festivais pagãos oferecidos nos templos dos idólatras.
Judas refere-se a eles dizendo: “Estes, são ímpios que convertem em dissolução a graça de Deus” (Jd. 4)
Os neo-libertinos se introduzem nas igrejas cristãs dissimulando suas crenças e práticas. Estão presentes nas festividades da igreja. Engana-se quem pensa que eles estão longe de nós, estão aonde não imaginamos que estejam; nas igrejas confessionais e históricas. Como lobos vestidos de ovelhas, usam linguagem cristã, envolvem-se em práticas cristã. Judas diz que são aduladores dos outros por interesse; Judas 16 “sensuais” e causam divisões no corpo de Cristo com suas idéias heréticas.
Essa doutrina tem se espraiado porque encontra um campo fértil para sua proliferação; o coração do homem que é libertino por natureza que é contra aos valores morais fixos. Uma das canções dos libertinos bem que poderia ser: A composição de Raul Seixas “Prefiro ser aquela metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”.
Influências que estão solapando a Igreja do Senhor
Num tempo não muito distante, na América Latina, especialmente no Brasil, os evangélicos, termo que hoje não serve mais para identificar os verdadeiros cristãos, eram maltratados, perseguidos e até mortos pela igreja papal. A história dos mutilados, dos proscritos, dos mártires do nosso país, vítimas dessa igreja apóstata, não está sendo mais contada. A nova geração desconhece essa triste página escrita com sangue.
Quando alguém era convertido, havia um rompimento definitivo com o catolicismo romano. Nenhuma coisa que identificasse com esse sistema era aceito no meio dos protestantes.
Eles sabiam de onde tinha saído, haviam experimentado na prática os horrores da ignorância.
Nestes últimos tempos, o quadro se inverteu. A igreja católica conseguiu finalmente se infiltrar nos arraiais evangélicos, aproveitando-se do que o Dr. Augusto Nicodemos chama, de: “A alma católica dos evangélicos no Brasil”
Alguém pode objetar dizendo que a igreja católica mudou; enganam-se os que assim pensam. O disfarce é outro, o conteúdo é o mesmo. Os princípios maquiavélicos continuam sendo praticados, que ninguém se iluda.
Lamentavelmente a mentalidade brasileira foi formada pelo catolicismo romano. Então fica mais fácil para os milhões de evangélicos brasileiros que desconhecem as verdades das escrituras, afeiçoados mais aquilo que satisfaça o ego, absorverem os usos e costumes dessa entidade.
A tendência decaída do homem, corrompida e manchada pelo pecado, leva-o a aceitar sem questionamento todo o vento de doutrina tornando-o vulnerável a essas inovações.
Quais as tendências da igreja evangélica hoje concernente a isto? O gosto por apóstolos, catedrais, pompas e rituais.
O status apostólico está sofregamente procurado por quem acha que é vocacionado. Os grandes líderes da história, nunca buscaram esse título. Estes apóstolos modernos são presidentes, chefes, proprietários de igrejas locais. Os apóstolos do Senhor não foram nada disso.
Outra influência está na ideia de que pastores são mediadores entre Deus e os homens. O Pastor está sendo visto como outro Cristo, capaz de transmitir graça divina mediante os sacramentos, indulgências e orações. Certa vez, trouxeram um homem até a nossa igreja para que orassemos por ele. Os Presbíteros vendo que estávamos naquele momento impossibilitados de atendê-lo de imediato, decidiram interceder pelo necessitado. O que o conduzia, não permitiu – quero que o Pastor ore por ele, não vocês. Ao chegar aonde eu estava, foi dizendo ao que era trazido por ele: - ajoelhe-se aos pés do Pastor. Uma oportunidade dessas para muitos obreiros leva-o a pensar que é um semi-Deus.
E o que dizer do misticismo supersticioso no apego as coisas sagradas. Todos nós sabemos que o catolicismo influenciado pelas religiões afro brasileiras, semeou o misticismo e a superstição durante anos na alma do nosso povo. Como consequência, temos em muitas igrejas chamadas “evangélicas”, todo tipo de absurdo. Evangélicos que guardam “patuás”, “amuletos”, “Sal e óleo” dentro de recepientes em suas casas para se livrar dos maus espíritos.
O Rev. Augustus Nicodemus diz em seu livro “O que estão fazendo com a igreja?” um dos efeitos mais destrutivos dessa mentalidade romanista é que pavimentou em vários aspectos o caminho para a entrada do liberalismo teológico no cenário evangélico. Pois o ponto central dessa mentalidade é, em última análise, o enfraquecimento das escrituras como a palavra de Deus, a única regra de fé e prática. A autoridade e a mediação dos bispos e apóstolos, o uso de objetos ungidos como pontos onde a fé se apoia a ênfase em determinados pecados em detrimento de outros, igualmente condenados na Bíblia, serviram para enfraquecer a autoridade das Escrituras dentro do evangelicalismo. Assim, o catolicismo preparou os evangélicos para aceitarem outra fonte de autoridade além da Bíblia.
Nesse contexto, a tarefa dos liberais de desacreditá-la, tornou-se muito mais fácil. “O que estão fazendo com a igreja” – Ed. Mundo Cristão – 2008 – pág. 31.
Pensamos que essa adequação aos sistema católico seja buscada apenas por aquela gente simples que nos cerca, menos favorecida teologicamente e culturalmente? Não. Alguns segmentos mais altos da teologia também estão de braços dados com esse sistema. Essa adesão não é tão grosseira como a dos místicos citados. Esses não são retrógrados, na visão deles, como os fundamentalistas.
O Pastor João Dias de Araújo defende esse ecumenismo quando escreve sobre a missão da igreja, em seu livro “Inquisição sem fogueiras”.
Muitos problemas surgidos nestas duas últimas décadas do presbiterianismo brasileiro, estão relacionados como tema central – A missão da igreja no Brasil.
A motivação básica que deu impulso ao desenvolvimento da Igreja Presbiteriana do Brasil, foi posto em dúvida após o advento do movimento ecumênico... É preciso reconhecer que a “reforma” dentro do catolicismo é uma realidade. O Supremo Concílio da I.P.B tem agido muitas vezes como um “Supremo Concílio de Trento” e, instaurado a contra reforma protestante para combater os novos “Luteros” e “Calvinos”, do catolicismo atual... A motivação do Protestantismo não deve ser mais a de “desromanizar”, mas a de cooperar com o autêntico cristianismo católico reformado, no esforço de apresentar Cristo ao homem brasileiro.
Inquisição sem fogueiras, pág. 213 – Fonte editorial 2010.
Outra onda, talvez a mais destruidora de todas, que tem varrido o mundo como um Tsunami, é a deificação do homem. Shirley Mallaine, no filme para a televisão “Out on a Limb”, com os braços erguidos para o céu, ao longo das praias do malibú, clamou: “Eu sou Deus”.
Desde o alvorecer da história, satanás não tem medido esforços para convencer o homem que ele pode se tornar deus.
Este foi o elemento decisivo na tentação dos nossos primeiros pais: “sereis como deus sabendo o bem e o mal”, atravéz dos séculos ele tem renovado essa mentira tornando-a cada vez mais aceitável.
As ondas de rádio e televisão estão repletas de novos mestres religiosos que se deleitam em proclamar a sua própria deidade. Eles estão invadindo os lares, tomando quase todos os horários nobres da televisão. Milhares de pessoas estão sendo pastoreadas por esses homens-deuses.
São atrevidos, debochados, irreverentes, se auto promovendo na sua deificação, rebaixando Deus à sua megalomania. Não é de surpreender quando uma blasfemia dessas seja expelida da boca dos feiticeiros e outros grupos criminosos. O que nos surpreende, o que nos choca é a declaração similar pronunciada por líderes de maior renome dentro da igreja.
Benny Hinn disse: “nunca, jamais, em tempo algum, vá ao Senhor e diga: “se for da tua vontade...” não permita que essas palavras destruidoras da fé saiam de sua boca”.
Outras citações, “Deus precisa receber permissão para batalhar neste reino terrestre em favor do homem... Sim! Você está no controle das coisas! Assim, se o homem detém o controle, quem deixou de exercê-lo? Deus.” Frederick K. C. Price - “O homem foi criado em termos de igualdade com Deus, e podia permanecer na presença dEle sem qualquer consciência de inferioridade” Kenneth E. Hagin
Há no Brasil um famoso pastor telesivo que já galgou os mais altos graus da fama, sendo até elogiado por uma das nossas revistas de circulação nacional. Esse homem tem uma audiência invejável no meio evangélico, membros de todas as denominações o assistem. Mas esse ministro está se comprometendo com um pastor mundialmente conhecido, Pastor Morris Cerullo, que afirmou numa certa ocasião – “vocês sabiam que desde o começo do tempo o propósito inteiro de Deus era reproduzir-se? Quem são vocês? Vamos Lá! Quem são vocês? Vamos lá, digam: filhos de Deus. Vamos lá, digam! E aquilo que opera em nosso interior, irmãos, é a expressa manifestação de tudo quanto Deus é e tem. E quando estamos aqui de pé, vocês não estão olhando para Morris Cerullo, vocês estão olhando para DEUS, estão olhando para JESUS”.
Ouçamos o apóstolo Pedro (IPe. 4: 12-19), o apóstolo informa aos seus leitores que no meio deles está surgindo um fogo ardente. Textos paralelos da época nos permitem ver como uma figura de perseguição e sofrimento consequências da oposição contra os fieis servos de Deus vinda de pessoas ou grupos dentro da sociedade em que vivem. O fogo é um símbolo tanto para o julgamento como para a purificação; e aqui as duas coisas podem ser vistas.
As hostilidades que os cristãos estão enfrentando, são comparadas a um fogo que surge e se alastra no meio deles, “destinado a provar-vos”.
O mesmo termo se encontra em 1:6 “várias provações”, sendo que o que lá é dito em princípio “se necessário”, aqui é dito de um fato concreto “surge no meio de vós” “em que vós grandemente vos alegrais, ainda que agora importa, sendo necessário que estejais um pouco contristados com várias provações”.
O apóstolo lembra aos seus leitores do princípio antes exposto, de que as tribulações que enfrentam são para “confirmar o valor da fé”. “Para que a prova da vossa fé muito mais preciosa do que o ouro que parece e é provado pelo fogo, se ache em louvor e honra e glória na revelação de Jesus Cristo”. Os leitores de Pedro não devem estranhar isso como se alguma coisa extraordinária estivesse acontecendo.
A história do povo de Deus demonstra que a perseguição já é uma coisa de se esperar. O cap. 11 de Hebreus exemplificar isso.
Os fieis servos de Deus no passado foram perseguidos. Lembremo-nos de Estêvão, o primeiro mártir do cristianismo, no seu monumental discurso, diante das autoridades religiosas da época, corajosamente expôs a atitude insana deles: “a qual dos profetas não perseguiram vossos pais? Até mataram os que anteriormente anunciavam a vinda do justo, do qual vós agora fostes traidores e homicidas” Atos 7:52
O apóstolo Paulo fala da natureza da perseguição usando de uma alegoria extraída do fato histórico relacionado a Sara e Agar, ele diz: “Abraão teve dois filhos, um da escrava e o outro da livre. O que era da escrava nasceu segundo a carne, mas o que era da livre, por promessa. Mas, como então, aquele que era nascido segundo a carne perseguia o que era segundo o espírito, assim, é também agora” (Gál. 4: 22,23,29)
No presente, os fiéis servos de Deus continuam sendo perseguidos. Cristo disse aos seus discípulos: “Se a mim me perseguiram, também vos perseguirão” (João 15:20). No passado os evangelistas cristãos advertiram os seus convertidos de que assim seria também com eles. “Paulo e Barnabé passando por Icônio, Listra e Antioquia, confirmaram os ânimos dos discípulos exortando-os a permanecer na fé, pois que por muitas tribulações nos importa entrar no reino de Deus” Atos 14:22
Qual deve ser a nossa reação diante do sofrimento? Amargura? Revolta? Sensação de estranheza? Não, pelo contrário, alegrai-vos. Alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de Cristo. A comunhão dos crentes com Cristo vai até ao ponto de sofrerem a mesma coisa.
Essa “comunhão dos seus sofrimentos” conforme descrição do apóstolo Paulo em Filipenses 3: 10, nos assemelha a Cristo. Participamos com Ele de um mesmo destino comum. Ora, esse destino comum com Cristo pode levar o sofrimento até a morte num primeiro momento, num momento posterior trás a garantia de também participarmos da sua glória.
Os cristãos da Ásia menor estavam sendo injuriados, eram ofendidos moralmente pelo fato de levarem uma vida marcadamente diferente dos outros ao redor deles.
Esse modo de viver causava estranheza aos libertinos dissolutos, “eles acham estranho não corredes com eles no mesmo desenfreamento de dissolução blasfemando de vós” disse o apóstolo Pedro (1Pe. 4:4)
Não mediam esforços em difamar, ofender, acusar. Os motivos da hostilidade “pelo nome de Cristo sois vituperados” eram hostilizados pelo fato de se identificarem com o nome de Cristo.
O apóstolo Pedro continua dizendo: “que nenhum de vós padeça como homicida ou ladrão, ou malfeitor, ou como o que se intromente em negócios alheios, mas se padece como Cristão, não se envergonhe, antes glorifique a Deus nesta parte” 1Pe. 4: 15,16.
Cristão - foi primeiramente um termo mais ou menos pejorativo aplicado aos crentes em Cristo pelos de fora. O fato de alguém ser cristão, já o expunha a hostilização de uma e de outra forma.
Assim também, o termo fundamentalista não tem soado bem aos ouvidos de muitos. Somos ridicularizados, insultados, marginalizados por testemunharmos que somos cristão fundamentalistas. Se você padece como cristão, não se envergonhe, se padece por ser um cristão fundamentalista, não se envergonhe. Perseguidos, sempre seremos, mas não desemparados.
Vivemos tempos difíceis, tempos trabalhosos. E em tempos como esse urge que Batalhemos unidos, purrificando a casa de Deus.
quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012
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