sábado, 9 de julho de 2011

Desenvolvimento Histórico da Teologia Bíblica


O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma breve e introdutória perspectiva sob o ponto de vista da revelação progressiva observando o processo histórico bíblico, a saber: A Teologia Bíblica que ao contrário da Teologia Sistemática, é indutiva, isto é, a partir da pesquisa exegética faz afirmações, ou seja, parte do específico para o geral. Primeiramente é necessário dizer que basicamente o estudo sistematizado e dogmático serviu de base inicial desde as eras primitivas na história do estudo da Bíblia (Teologia dogmática, apologética e filosófica do séc. II e III). Nesta abordagem observaremos o contexto histórico ao passo que analisaremos o cumprimento linear da teologia conceito defendido por Vincent Cheung:
A Teologia bíblica é linear, na forma de história...
[ www.monergismo.com/textos/teologia/historia-sistema-ts-tb_vincent-cheung]

Segundo que é relativamente nova a abordagem da teologia bíblica se comparar, por exemplo, com o advento dos apologistas do II e III séc. Justino Mártir (100-165) principal apologistas do século II, filósofo idealista e simpatizante as idéias de Platão e Aristóteles. Em sua obra conhecida como “Apologia ao Imperador” Na principal seção desta obra Justino dedica à apresentação da moral, das doutrinas e do fundador do cristianismo. A razão para o apelo a filosofia como base para a defesa da fé vem da necessidade de uma definição clara e objetiva das verdades eternas de Deus, devido às pressões externas e oposições a revelação de Deus no cristianismo, fato este que talvez tenha motivado os apologistas assumiram esta postura teológica apologética, não uma abordagem a teologia bíblica. Este momento na história na igreja não propiciou uma abordagem que se leva em conta o processo histórico da revelação o estudo era dogmático ou sistemático. É o que Louis Berkholf define:
“Pressões externas e internas requeriam definições claras a defesa da verdade, e isso deu origem à Teologia. Os primeiros Pais que assumiram a defesa da verdade são, por essa mesma razão, chamados apologetas... Dirigiam suas apologias em parte aos governantes e em parte ao público inteligente. Seu objetivo imediato era suavizar a atitude das autoridades e do povo em geral para com o cristianismo. Buscavam conseguir isso exibindo o seu verdadeiro caráter e refutando as acusações assacadas contra os cristãos. Mostravam-se particularmente solícitos em tornar a religião cristã aceitável diante das classes educadas frisando sua racionalidade. Com isso em mira, expunham-na como mais elevada e segura filosofia...” [BERKHOLF, Louis – A História das Doutrinas Cristãs, 1992, pp.53]

Tendo como público alvo na sociedade os governantes e algo que Berkholf define como “publico inteligente”, os apologistas fundamentaram sua defesa da fé utilizando-se do argumento filosófico. Havia uma necessidade emergente de uma abordagem teológica que fosse aceita por um público influenciado pelo helenismo e que detinha certo nível intelectual, desta forma assim como os pais apologistas são fruto de uma época em que era inevitável o rumo tomado pelo estudo da teologia, em toda história da teologia cristã haviam ênfases ao estudo queira sistematizado ou dogmático.
Atualmente o renomado interesse pela Teologia Bíblica surge como mais uma ferramenta de estudo da qual se faz vital para a compreensão da revelação de Deus.O ressurgimento de questões teológicas básicas na fé cristã reacenderam discursões teológicas como a Cristologia. Durante o séc.XVIII houve considerável mudança no estudo acerca da Pessoa de Cristo graças a Teologia Bíblica. Até então o ponto de partida fora predominantemente teológico, e a cristologia era o resultante da teocêntrica. Os eruditos atarefados na estruturação da doutrina de Cristo começaram com o Logos, a Segunda Pessoa da Trindade, em seguida buscavam interpretar a encarnação para fazer à unidade da Pessoa do Salvador, mas também à integridade e veracidade de ambas as naturezas. Ao que hoje chamamos de União hipostática que durante a Idade Média a qual Tomás de Aquino aderia e aceitava:
“Durante a Idade Média a doutrina da Pessoa de Cristo não ocupava o primeiro plano...Breve Indicação dos pontos mais salientes da estrutura de Tomás de Aquino sobre a doutrina de Cristo será suficiente para mostrar como se achava essa questão ao tempo da Reforma. Quanto à União hipostática em Cristo, Tomás de Aquino aderia à teologia Aceita.” [BERKHOLF, Louis – A História das Doutrinas Cristãs, 1992, pp.104]

Houve então maior convicção então a partir da declaração de Johann Phillip Gabler o Pai da Teologia bíblica, de que descobrir mais a cerca da obra e vida de Jesus partido do método de estudo Teológico convencional, e que resultados mais satisfatórios poderiam ser obtidos se começasse mais no centro, as saber, com o Estudo do Jesus Histórico. Teve início um novo período Cristológico, O Cristo da fé foi comprovado por estudos que procuraram nos evangelhos sinóticos vestígios de sua obra existência e autenticidade. Embora isto promovesse uma grande revolução no conceito do estudo relativo à Pessoa de Cristo houve grandes avanços mais também resultados destrutivos, pois o fator determinante na formação de um conceito apropriado a Jesus não era o que a Bíblia ensina a respeito de Cristo, mas nossos próprios descobrimentos e investigações dos fenômenos de sua vida e de nossas experiências com Ele. Sobre este destrutivo método Berkhouf diz:
“Uma distinção perniciosa e de reverberações distantes se fez entre o Jesus histórico, delineado pelos escritores dos Evangelhos, e o Cristo Teológico, fruto da imaginação fértil dos pensadores teológicos dos dias de Paulo em diante, cuja imagem agora se refletiria nos credos da igreja. O Senhor da Glória foi despido de tudo quanto é sobrenatural, ou quase...” [BERKHOLF, Louis – A História das Doutrinas Cristãs, 1992, pp.107]


É bem sabido de nós que embora a reforma do Séc. XVI seja considerada como a origem e surgimento da Teologia Bíblica, somente um século depois ainda conserva da teologia dogmática, é que Ela começa a se desenvolver. Com o Advento de Iluminismo a teologia bíblica influenciada pelo racionalismo cria o conhecido método “histórico-Crítico” Assim, a Teologia Bíblica recebe um enfoque histórico-descritivo que culmina na ruptura com a sistemática. Quanto a Crítica Bíblica sabemos que pelo fato de não existirem mais os autógrafos dos escritos bíblicos, é preciso lançar mão de manuscritos, lecionários, citações nos antigos autores cristãos, óstracos e traduções posteriores. A partir de todas estas fontes, o crítico textual estabelece um "texto original", reconstruído, apoiado nas probabilidades e suposições estabelecidas a partir das testemunhas utilizadas.
O questão da qual devemos considerar até que ponto este método é confiavel em estabelecer probabilidades e suposições precisas a respeito do Jesus-Histórico. Devido a esta Liberdade teológica muitos empolgados abandonaram o método convencional fundamentalista que é definido por Une Wegner:
“O método fundamentalista como entendemos aqui, parte do pressuposto de que cada detalhe da Bíblia é devidamente inspirado, não podendo, em decorrência, apresentar erros ou incongruências... Seu objetivo é o defender a Bíblia como único referêncial confiável e integro para a formação da doutrina e éticas cristãs.” [WEGNER, Une, exegese do Novo Testamento, 2007, pp15]

E se aventuraram no liberalismo, que surge com uma proposta de interpretação que Berkhouf definiu de “Despir o Senhor da Glória de tudo o que é sobrenatural”. Teológos liberais partindo do método histórico-gramatical fomularam sua visão moderna da Neo-Ortoxia de que a bíblia toran-se a palvra de Deus atrvés do encontro pessoal com o homem. Nomes como Shubert Ogdem e Rudolf Bultmann são conhecidos pela sua vizão demitizante ou adéptos do processo de Desmitologização da Bíblia, a saber, Ela torna-se a Palavra de Deus a partir do momento em que nos a despimos de todos os mitos e lendas:
“Rudolf Bultmann e Shubert Ogden são representantes característicos da visão demitizante. Ambos diferem entre si, uma vez que Ogden não vê nenhum cerne histórico que dê consistência aos mitos da Bíblia, Embora Bultmann consiga enxergar isso. Ambos concordam em que a Bíblia foi escrita em linguagem mitológica, a da época de seus autores, época já passada e obsoleta. A tarefa do cristão moderno é despi-la de seus trajes lendários, mitológicos e descobrir o conhecimento existencial a ela subjacente. Afirma Bultmann que, a partir do momento que a Bíblia é despida desses mitos religiosos, a pessoa encontra a verdadeira mensagem do amor sacrifical de Deus em Cristo.” [GEISLER, Norman, NIX, William, Introdução Bíblica, 1997, pp18]

Embora reconheçamos as dificuldades em estabelecermos os pontos negativos e positivos relativos a todos estes avanços na área de Teologia Bíblica, reconhecemos que desvirtuamentos e extremos foram predominantes para o declinio teológico por parte de alguns estudiosos e eruditos. Craig L. Blomberg em sua obra Jesus e os Evangelhos reconhece que o Iluminismo desencadeou várias linhas de pensamento bíblica a cerca do Jesus-Histórico que a bíblia foi objeto de interesse não necessariamente de crentes que trocaram a sua fé por conclusões históricas bastante divergentes:
No Início o Iluminismo, nos anos 1700, surgiram abordagens bem diferentes das Escrituras. A princípio, a Bíblia foi estudada por pessoas, em especial na Alemanha, não necessariamente crentes, ou que puseram entre parênteses a sua fé para deixar a porta aberta a conclusões históricas bastante divergentes do dogma tradicional.” [BLOMBERG, L. Craig, Jesus e os Evangelhos, 2009, pp106].

Outro problema é que sobre os estudos relativos à cristologia muitos dos teólogos de linha liberal partiram do pressuposto de que conhecer o Cristo-Histórico é uma tarefa praticamente impossível pela insuficiência de informações sobre sua existência, por que tudo que tinham no seu entendimento liberal não passava de uma criação mitológica da igreja primitiva:
“O cristianismo tem conservado sempre a esperança de que o reino de Deus virá em um futuro imediato, ainda que o tenha esperando em vão. Podemos citar assim a Marcos 9.1, cujas palavras não são autênticas de Jesus, senão que foram atribuídas pela comunidade primitiva...” [BULTMANN, Rudolf, Jesus e Mitologia, 2003, pp13]

Sem contar que problemas relacionados às divergências existentes nos evangelhos sinóticos constituíam uma enorme barreira a sua aceitação como evidência confiável. Diante deste quadro cético pintado pelos teólogos de linha liberal só restava então nutrir apenas esta informação a cerca do Jesus - Histórico:
“... A questão do Jesus histórico de igual modo ressurgiu. Depois de atingir baixíssimo interesse na era do prolífico Rudolf Bultmann, que disse que tudo quanto podemos saber de Jesus é que Ele viveu e morreu.”[ BLOMBERG, L. Craig , Jesus e os Evangelhos, 2009, pp.108]

Diante de todo este quadro complexo a que tomou o rumo da teologia bíblica embora levada a sério pelos Fundamentalistas e em certa parte em seu aspecto positivo que reside na seriedade com que encara a revelação de Deus através de sua Palavra e na responsabilidade e no compromisso que exige frente à sua mensagem; porém que tendem a absolutizar o sentido literal da Bíblia de tal forma que desconsideram a possibilidade da sensibilidade para a condição humana dos autores e desta forma compreendem satisfatoriamente a sua subscrição da Ipsissima Verba. Do outro lado os radicais que levavam ao extremo a dicotomia entre o Cristo da Fé e o Jesus Histórico afirmando ser impossível estabelecerem um estudo sério sem que haja uma extirpação dos mitos e lendas.
De sorte que teólogos de uma posição mais moderada como Joachim Jeremias, estão interessados em determinar a verdade a cerca de Jesus através do estudo dos textos para que possamos obter no final o relato mais próximo dos autógrafos, porém esta posição como era de se esperar da Crítica Textual não considera toda bíblia como Palavra de Deus, mais que Ela contém A Palavra de Deus e desta forma justificam a sua concordância com a Ipsissima Vox.
Seja qual for nosso ponto de investigação da vida e ministério de Jesus precisamos tomar uma posição em alguma destas escolas e definirmos o rumo que vamos dar a nossa Teologia Bíblica, sejam, pois os nossos pressupostos baseados nas nossas mais firmes convicções teológicas e, sobretudo na nossa Fé Reformada que parte do princípio da Sola Escriptura. Ela será nosso mestre em questões de fé e de razão, seja qual forem os nossos juízos sobre Ela, que estejam sobre as nossas consciências à responsabilidade de que somos a Vox Dei em um mundo caído e em confusão e que o soberano Senhor é Deus Zeloso e que vela pela sua Palavra.

Bibliografia:

1.RIDDERBOS, Herman, A Teologia do Apóstolo Paulo, 2004.
2. www.monergismo.com/textos/teologia/historia-sistema-ts-tb_vincent-cheung
3. BERKHOLF, Louis – A História das Doutrinas Cristãs, 1992, pp.53
4. WEGNER, Une, exegese do Novo Testamento, 2007, pp15.
5. GEISLER, Norman, NIX, William, Introdução Bíblica, 1997, pp18.
6. BLOMBERG, L. Craig, Jesus e os Evangelhos, 2009, pp106.
7. BULTMANN, Rudolf, Jesus e Mitologia, 2003, pp13.

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Ser um Cristão reformado é está interessado em se reformar sempre.É prezar pelos princípios da reforma, e estar disposto a adaptar toda a vida e teologia ao exame final das Escritutras.