segunda-feira, 21 de abril de 2014

A Verdadeira Felicidade dos Humildes de Espírito.



A Verdadeira Felicidade dos Humildes de Espírito.





Por: Rev. Luciano Gomes



"Vendo Jesus às multidões, subiu ao monte, e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e ele passou a ensiná-los, dizendo: Bem-aventurados os humildes de espírito, porque deles é o reino dos céus." (Mateus 5:1-3)



Introdução:

Jesus é o maior pregador do mundo. O texto das bem-aventuranças abre o que nós chamamos de "O maior sermão de todos os tempos", Ficou conhecido como O Sermão do Monte. Se Charles Spurgeon ficou conhecido como o príncipe dos pregadores é legítimo e justíssimo descrever que Cristo é o Rei dos pregadores. Jesus é o maior pregador de todos os tempos porque Ele é a própria Palavra encarnada (. Ele foi o maior pregador da história pela sublimidade de Seu ensino, a excelência dos Seus métodos e a grandeza incomparável de Seu caráter. Thomas Watson acertadamente diz que: "Suas palavras são oráculos; Suas obras, milagres; Sua vida, modelo; Sua morte, um sacrifício. Enquanto nós não podemos conhecer todas as facetas dos nossos ouvintes, Ele conhece o coração de todos os homens". (The beatitudes, 2000 p.13)



Exposição: Qual o significado da vida? Em que consiste a alegria do homem?

Neste sermão Jesus, o maior pregador fala sobre a verdadeira felicidade. Na verdade, o cristianismo é a religião do prazer e da felicidade. O homem é um ser obstinado na busca do prazer. O hedonismo ensina que o prazer é o fim último do ser humano. Essa filosofia parece reger a humanidade. A grande questão é onde está esse prazer: Nas coisas externas? No dinheiro? No sucesso? Na cultura? No sexo? Na diversão?

John Piper disse que: "O problema do homem não é a busca do prazer, mas o contentamento com um prazer terreno, carnal, raso e passageiro". Na verdade, Deus nos criou para o maior dos prazeres. A busca da felicidade é legítima. O verdadeiro prazer está em Deus. Os teólogos de Westminster, no século 17 ao formularem a primeira pergunta do Breve Catecismo, tocaram no cerne desta questão quando afirmaram que: "O fim principal do homem é glorificar a Deus e alegrá-lo para sempre". É na presença de Deus que existem delícias eternas. Conforme Agostinho disse em suas Confissões: "Senhor, Tu nos criaste para Ti e a nossa alma não encontrará descanso até repousar em Ti".



Ponte: A verdadeira felicidade é um grande paradoxo aos olhos do mundo. Destacamos dois pontos importantes aqui:

I. EM PRIMEIRO LUGAR, A VERDADEIRA FELICIDADE É ABRAÇAR O QUE O MUNDO REPUDIA E REPUDIAR O QUE O MUNDO APLAUDE.

Leon Morris na sua introdução e comentário diz que: "Essa bem-aventurança revela o vazio dos valores do mundo. Exalta aquilo que o mundo despreza e rejeita aquilo que o mundo admira". Donald Kraebel, em seu livro O Reino de Ponta-Cabeça, diz que os valores do Reino de Deus são como uma pirâmide invertida. Jesus diz que feliz é o pobre, o que chora, o manso, o puro, o perseguido. Jesus diz que bem-aventurado é o pobre de espírito, e não a pessoa autossuficiente, arrogante e soberba. Jesus diz que bem-aventurado é o que chora, e não aquele que é durão e insensível. Jesus diz que bem-aventurado é o manso, o que abre mão dos seus direitos, e não o valentão que se envolve em brigas intermináveis. Jesus diz que bem-aventurado é o pacificador, aquele que não apenas evita contendas, mas busca apaziguar os ânimos exaltados dos outros. Jesus diz que bem-aventurado é o puro de coração, e não aquele que se banqueteia com todos os prazeres do mundo. Jesus diz que bem-aventurado é o perseguido por causa da justiça, e não aquele que procura levar vantagem em tudo. Jesus diz que aquele que ganha a sua vida a perde; mas o que a perde, esse é quem a ganha. Jesus diz que o humilde é que será exaltado. Segundo Thomas Watson, o mundo pensa que feliz é aquele que está no pináculo, (Mateus 4:5) no lugar mais alto; mas Cristo pronuncia como bem-aventurado aquele que está no vale.



Aplicação:

Meu querido irmão, se você inicialmente não compreender isto, você nunca estará apto a morar no céu. Martyn Lloyd Jones no seu livro Estudos no Sermão do Monte diz que a chave para a compreensão deste sermão e toda a sua sequência lógica e de tudo o que vem em seguida repousa sobre o fato que Jesus não as colocou por mero acaso: Ele diz: "Necessariamente, essa é a primeira bem aventurançam devido à excelente razão que ninguém pode entrar no reino de Deus, também chamado de reino dos céus, a menos que seja possuidor da qualidade nela expressa. No reino de Deus não existe sequer um participante que não seja "humilde de espírito". Essa é a cracterística fundamental do crente, do cidadão do reino dos céus, e todas as demais características são em certo sentido, resultantes desta primeira qualidade (requesito fundamental, indispensável ao cidadão dos céus[Abre paranteses nosso])."

Lembre-se das palvras de Jesus quando estiverem em dúvida quanto ao caminho espinhoso que estão andando na jornada a mansão celestial: "Respondeu Jesus: O meu reino não é deste mundo. Se o meu reino fosse deste mundo, os meus ministros se empenhariam por mim, para que não fosse eu entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui." (João 18:36). Jesus confrontou os valores terrenos elencados por Pilatos, em meio às adversidades da crucificação ele nos ensinou que devemos olhar para os céus e nos empenhar em entrar nas mansões celestiais. Jesus abraçou o reino de Deus que o aguardava com a glória que Ele tinha quando estava com o Pai, e repudiou a glória do reino terrestre que Pilatos tanto amava.

Outra coisa lembre-se que os valores terrenos não são os mesmos no reino celestial: "Portanto, aquele que se humilhar como esta criança, esse é o maior no reino dos céus". (Mateus 18:4). Enquanto os discípulos arrazoavam com Jesus perguntando quem seria o maior no reino dos céus, Jesus chama uma criança que provavelmente os observara de lonje e responde a indagação dos dicípulos com um exemplo análogo. Em outra palavras, no reino dos céus o maior deve ser o menor entre todos. Sigam o exemplo desta criança judia. Imagino o que se passava na cabeça dos discípulos: Mais o que uma criança pode me ensinar?

No Livro Intituições de Irael de Roland de Vaux nos é informado sobre as crianças judias é que, nos primeiros anos de vida elas eram deixadas aos cuidados da mãe, no entanto quando os meninos cresciam eles acompanhavam o pai onde toda instrução era passada conforme prescrição Deuteronômio 6: 6 e 7, os meninos eram educados pelos homens da família e as meninas eram educadas pelas mães. O fato de Jesus pegar um menino e colocá-lo no meio de judeus adultos e fazer a analogia do maior do reino do céu tendo como modelo aquela criança era algo que contrariava os padrões pedagógicos de sua época e cultura semítica. A analogia da criança nos ensina que se queremos ser o maior no reino dos céus devemos seguir o seu exemplo de humildade, aquele menino não queria nenhuma posição de primazia no reino dos céus, ele não queria ser o maior, apenas se contentava em estar entre os adultos no reino dos céus. assim também nós devemos nos contentar apenas em entrar no reino dos céus, sem procurar a primazia entre os outros irmãos. Você quer ser o maior no reino dos ceús? Então siga o exemplo de Cristo:

"Depois de lhes ter lavado os pés, tomou as vestes e, voltando à mesa, perguntou-lhes: Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais o Mestre e o Senhor e dizeis bem; porque eu o sou. Ora, se eu, sendo o Senhor e o Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar os pés uns dos outros. Porque eu vos dei o exemplo, para que, como eu vos fiz, façais vós também. Em verdade, em verdade vos digo que o servo não é maior do que seu senhor, nem o enviado, maior do que aquele que o enviou". (João 13: 12 – 16)

"Quem a si mesmo se exaltar será humilhado; e quem a si mesmo se humilhar será exaltado." (Mateus 23:12) Portanto, a verdadeira felicidade é abraçar o que o mundo repudia e repudiar o que o mundo aplaude. O mundo repudia e despreza a postura de pessoas humildes, o cristianismo despreza a altivez e orgulho dos soberbos.


II- EM SEGUNDO LUGAR, A VERDADEIRA FELICIDADE NÃO ESTÁ NAS COISAS EXTERNAS, MAS NAS REALIDADES INTERNAS.
Jesus não disse que bem-aventurados são os ricos. Essa felicidade não está centrada em coisas externas. As riquezas não satisfazem. Deus colocou a eternidade no coração do homem. Nem todo o ouro da terra poderia preencher o vazio da nossa alma. A verdadeira felicidade não está centrada na posse das bênçãos, mas se acha no fluir da intimidade com o abençoador. Um homem pode morar num palácio e não se deleitar nele. Pode ter o domínio de um reino e não ter paz na alma.

James Hastings diz que: "Há uma tendência em todas as possessões materiais de obscurecer as necessidades que elas não podem satisfazer. A mão cheia ajuda o homem a esquecer um coração vazio". As coisas que esvaziam a vida são comumente aquelas que prometem preenchê-la. Jesus falou do homem que derrubou seus celeiros para construir outros novos e maiores e estocar abundante provisão, dizendo para sua própria alma para comer e regalar-se. Mas, como coisas não satisfazem o vazio da alma, Jesus chamou esse rico de louco. (Lucas 12: 13-21) Ler.

Outra questão que precisa ser levada em conta aqui, no que concerne a tradução do versículo que se segue; Bem-aventurados os humildes de espírito. (ARA). Há uma corrente teolígica que acredita que ele deveria ser traduzido assim: Bem-aventurados em espírito são os pobres. Comparando algumas versões em português temos as seguintes traduções:

"Bem-aventurados os pobres de espírito..." (Almeida Corrigida Fiel-SBTB)

"Bem-aventurados os pobres em espírito..." (Nova Versão Internacional)

"beati pauperes spiritu" (Vulgata latina)

πτωχοςptochos é a tradução para pobre. No léxico esta palavra está traduzida como rastejar, a ideia aqui é alguém que é reduzido á pobreza, mendicância, ou seja; que pede esmola. Outra ideia de Pthos é humilde, alguém que é destituído de virtudes e riquezas, necessitado em todos os sentidos. Finalmente a ideia de Pthos é alguém que é desprovido da riqueza do aprendizado e da cultura intelectual. O indivíduo em nosso contesto é marginalizado no sentido de posto a margem da sociedade.

Lloyd Jones em seu livro Estudos do Sermão do Monte, nos diz algo sobre a interpretação equivocada sobre a promessa do reino aos pobres: "Em parte alguma as Escrituras ensinam ser a pobreza algo tão bom assim. Um homem pobre não está mais próximo do reino dos céus do que um homem rico, se é que estamos falando deles como homens naturais. Não há mérito nem vantagem na pobreza. A pobreza não serve de garantia de espiritualidade.

O equivoco é decorrente da não observância sinótica dos evangelhos (do grego συν "syn" junto e οψις "opsis" ver) em Lucas: "... Bem-aventurados vós, os pobres, porque vosso é o Reino de Deus." (Lc 6:20b). Lucas omite espírito, Mateus não, é nisto que consiste um analise sinótica, os dois textos precisam ser vistos juntos para compreendermos com mais clareza a ideia do texto. De sorte que não há nenhuma contradição com relação as narrativas de Mateus e Lucas, é apenas necessário considerar que Mateus foi mais preciso ao acrescentar o vocábulo "espírito" πνευμαpneuma, referindo-se a pessoalidade de um indivíduo.

Seria incoerente e totalmente incorreto afirmar que Lucas estaria afirmando diferente de Mateus já que ele omitiu a palavra espírito, referindo-se ao pobre ou a pessoa que é desprovida de recurso como tendo uma benção especial, ou seja; isto équivale dizer que esta interpretação fere as Escrituras como um todo afirmando que a salvação pertençe a pessoas que são pobres, mendigas e pedintes. Em última análise isto seria um absurdo dizer que os ceús foram garantidos a todos os que se despojarem de suas riquezas e tornarem-se pobres. Não é isto que Jesus diz ao jovem rico: "Disse-lhe Jesus: Se queres ser perfeito, vai, vende os teus bens, dá aos pobres e terás um tesouro no céu; depois, vem e segue-me." Além disto Jesus referindo-se aos ricos disse que era mais difícil os ricos entrarem no reino dos céus, não que o reino fosse reservado apenas para os pobres, mais por causa do amor ao dinheiro é que isto seria um obstáculo a mais, no entanto no mesmo texto Cristo diz que até o impossível seria possível para ele, e isto é soberania, ele salva desde o mais pobre ao mais rico sem esforço algum:

" Então, disse Jesus a seus discípulos: Em verdade vos digo que um rico dificilmente entrará no reino dos céus. E ainda vos digo que é mais fácil passar um camelo pelo fundo de uma agulha do que entrar um rico no reino de Deus. Ouvindo isto, os discípulos ficaram grandemente maravilhados e disseram: Sendo assim, quem pode ser salvo?Jesus, fitando neles o olhar, disse-lhes: Isto é impossível aos homens, mas para Deus tudo é possível". (Mateus 19: 23-26)

Vale lembrar que Lloyd Jones tem o cuidado de ressaltar este equivoco de interpretação devido a tendência dos Teólogos Romanistas que consideram esta passagem bíblica como a sua grande autoridade e base para seu voto de pobreza voluntária. O santo patrono deles é Francisco de Assis, alías este é o nome adotado pelo atual pontífice romano Mário Jorge Bergólio.





Rev. Luciano Gomes

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