sábado, 19 de junho de 2010

Resenha “Teologia do Apóstolo Paulo-RIDDERBOS,Herman- Cultura Cristã


Resenha Leitura“Teologia do Apóstolo Paulo-RIDDERBOS,Herman- Cultura Cristã,2004,pp.47-179”

Determinarmos o pensamento de um teólogo com o Ap. Paulo não é tarefa fácil e esta é a proposta da teologia bíblica, partiremos para uma análise dos principais pontos da leitura de Ridderbos que tem a pretensão de ser “A obra definitiva sobre o pensamento do apóstolo aos gentios.” Analisaremos apenas alguns pontos mais relevantes das estruturas fundamentais da teologia Paulina.
O que Ridderbos define com “a plenitude dos tempos”?
“Vindo, porém, a plenitude do tempo, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei (Gl 4.4)”

Gálatas 4.4, pleroma tou chronou, "plenitude do tempo" expressa o cumprimento do tempo como tempo do mundo, tempo cronológico que pode ser medido por um relógio. Em Efésios 1.10, pleroma tõn kairõn, "plenitude dos tempos", expressa o cumprimento de todas as intervenções histórico-redentivas de Deus anteriores, no decorrer do tempo do mundo. Avinda de Cristo foi à última intervenção salvadora de Deus na história a segunda vinda é o desdobramento final desta última intervenção.
“Desvendando-nos o mistério da sua vontade, segundo o seu beneplácito que propusera em Cristo, de fazer convergir nele,na dispensação da plenitude dos tempos, todas as coisas, tanto as do céu, como as da terra (Ef 1.9-10).”

Embora Paulo reconheça o caráter ainda futuro do "fim dos tempos", fala dele como tendo já sido acontecido ou inaugurado: “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis.” Paulo não se referia há dias ainda por vir, mas à sua própria época (2 Tm 3.1). Estas coisas lhes sobrevieram como exemplos e foram escritas para advertência nossa, de nós outros sobre quem os fins dos séculos têm chegado (1 Co 10.11 e 1 Jo. 2.18)
O conceito de plenitude dos tempos não se refere apenas a maturação de uma determinada questão que envolva fatores externos relacionados a um período específico preparado para o advento do reino (Vinda de Cristo o messias prometido) mais o cumprimento do tempo no sentido completo (pleru= pleno), ou como disse Ridderbos “sentido absoluto”. Resumindo assim o conteúdo da pregação de Paulo desta forma:

Todo o conteúdo da pregação de Paulo pode ser resumido como sendo a proclamação e explicação do tempo escatológico da salvação que teve início com o advento, a morte e a ressurreição de Cristo (RIDDERBOS, Hermam, 2oo4, 47).

Qual era então o entendimento do reino na ótica de Paulo? O agora é o futuro já iniciado no tempo presente, o que alguns estudiosos têm chamado "escatologia realizada". Note este uso do agora nos versículos seguintes:
“Mas agora, sem lei, se manifestou à justiça de Deus testemunhada pela lei e pelos profetas” Romanos 3:21

“Agora, porém, libertados da lei, estamos mortos para aquilo a que estávamos sujeitos, de modo que servimos em novidade de espírito e não na caducidade da letra.” Romanos 7.6

“Agora, pois, já nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus.” Romanos 8:1

A vinda do messias no pensamento de Paulo está claro que inicia o agora como cumprimento da inauguração do reino, portanto este entendimento declara o cumprimento escatológico do advento do messias e isto ficou muito claro nos escritos de Paulo.
Outro conceito da “escatologia realizada” que encontramos nos escritos de Paulo está na definição que Ele tinha de “Nova criatura”.
“E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.” (2 Co 5.17)

A expressão "nova criatura" é a tradução do grego kaine ktisis, que também pode ser traduzido como "nova criação". Com o termo, Paulo não se refere somente ao aspecto individual (nova criatura), mas à recriação do mundo que Deus fez amanhecer em Cristo, e ao quais todos os que pertencem a Cristo estão incluídos. Ou seja, o cumprimento escatológico da vinda de cristo desencadeia uma série de cumprimentos escatológicos assim como também trouxe para Paulo o entendimento de que agora raio um novo dia para as novas criaturas. Cristo recriou de um mundo caído em pecado uma nova geração de criaturas regeneradas com o poder de serem chamados eleitos de Deus. Nas passagens abaixo podemos encontrar reflexos deste conceito de Paulo, referindo-se à nova humanidade, recriada por Deus conforme a sua imagem, em Jesus Cristo:
“Pois somos feitura dele, criados em Cristo Jesus para boas obras, as quais Deus de antemão preparou para que andássemos nelas.” (Ef 2.10);

“... Aboliu na sua carne, a lei dos mandamentos na forma de ordenanças, para que dos dois criasse, em si mesmo, um novo homem, fazendo a paz” (Ef 2.15);
“E vos revistais do novo homem, criado segundo Deus, em justiça e retidão procedentes da verdade” (Ef 4.24)

O conceito de “mistério” em Paulo não tem como pano de fundo o conceito helenista das religiões de mistério, mas o pensamento judaico, moldado pelas Escrituras. Outro cumprimento da escatologia realizada que não é bem entendida nos nossos dias principalmente entre os adeptos do Pentecostalismo é o conceito de “mistério” Teria Deus então colocado em oculto no sentido de escondido o plano da revelação do messias? Os mistérios de Deus são planos ocultos revelados de forma individual e pessoal?(conceito pentecostal). Vejamos alguns sinônimos de “mistério” no VT e sua relação com a revelação dos mistérios de Deus em Cristo:
“O conselho do SENHOR dura para sempre; os desígnios do seu coração, por todas as gerações” (Sl 33.11);

“Porque quem esteve no conselho do SENHOR, e viu, e ouviu a sua palavra? Quem esteve atento à sua palavra e a ela atendeu?” (Jr. 23:18);

“Ou ouviste o secreto conselho de Deus e a ti só limitaste a sabedoria?” (Jó 15.8);

“Certamente, o SENHOR Deus não fará coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas.” (Am 3.7).


Qual a interpretação correta do conceito de mistério segundo o salmista O conselho secreto de Deus quanto à sua obra redentora na história. É aquilo que ainda não apareceu na história, mas que já existe no conselho secreto de Deus. Ou seja, é aquilo que no tempo oportuno foi revelado em toda sua plenitude, ficando claro e evidente através do cumprimento escatológico. O salmista fala que o segredo de Deus é para todas as gerações e isto não significa que necessariamente todas as gerações ao longo dos séculos pudessem compreender com toda clareza os acontecimentos e previsões escatológicas é isto que nos chamamos de “revelação progressiva”. Portanto; O conceito de que Deus revela os mistérios concernentes aos seus planos para a história. Os estudiosos têm destacado que Paulo percebe seu ministério em termos do padrão raz-pesher ("mistério-revelação", em aramaico) encontrado em Daniel:
“Respondeu Daniel na presença do rei e disse: O mistério que o rei exige, nem encantadores, nem magos nem astrólogos o podem revelar ao rei.” (Dn 2.27);

A “revelação” do mistério de Cristo, portanto, é o próprio aparecimento na história desse conselho divino mantido em segredo por Deus. Esse é o tema da pregação de Paulo e o ministério que ele recebeu: o mistério de Cristo e a revelação do mesmo aos seus santos. O mistério de Cristo, guardado no secreto conselho do Senhor, foi revelado “agora”. Aqueles eram dias de cumprimento, o fim da longa espera a última intervenção de Deus na história, conforme seus desígnios e promessas. Compare com estas palavras de Paulo:
“Confiada a vosso favor, para dar pleno cumprimento à palavra de Deus: o mistério que estivera oculto dos séculos e das gerações; agora, todavia, se manifestou aos seus santos.” (Cl 1.25-26);

“... se é que tendes ouvido a respeito da dispensação da graça de Deus a mim confiada para vós outros; pois, segundo uma revelação, me foi dado conhecer o mistério, conforme escrevi há pouco, resumidamente; pelo que, quando ledes, podeis compreender o meu discernimento do mistério de Cristo, o qual, em outras gerações, não foi dado a conhecer aos filhos dos homens, como, agora, foi revelado aos seus santos apóstolos e profetas, no Espírito.” (Ef 3.2-5).

Após uma analise dos fatos abordados na leitura de Ridderbos podemos constatar que muitos dos eventos relacionados com a vinda do Senhor Jesus Cristo são cumprimentos escatológicos, ou seja, foram mistérios escatológicos revelados de forma progressiva os quais inauguraram o reino de Deus em Cristo.Esta compreensão nortearam as mentes e os corações dos Cristãos primitivos influenciados pela teologia do Ap. Paulo.

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Sola Escriptura

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Ser um Cristão reformado é está interessado em se reformar sempre.É prezar pelos princípios da reforma, e estar disposto a adaptar toda a vida e teologia ao exame final das Escritutras.