sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Combatendo os falsos mestres com Judas e João




INTRODUÇÃO

O problema dos falsos mestres é algo que assombra a Igreja do Senhor desde a igreja apostólica, entretanto quando pensamos em falsos mestres no presente século Pós-moderno logo nos vem à mente as figuras dos lideres das igrejas neopentecostais com sua teologia da prosperidade, os famosos testemunhas de Jeová, os adventistas do 7º dia e outros conhecidos nossos. Todavia ao reconstruirmos o cenário original, ocasião e contexto primitivo das igrejas do1º século, descobrimos algumas semelhanças entre a forma embrionária do erro cometido por eles e os erros cometidos pelos falsos mestres contemporâneos.

Principais falsos ensinos do I e II séc. no período da igreja Primitiva.

A partir dos falsos ensinos do Docetismo (do grego δοκέω dokeō, "parecer") e Gnosticismo, (tem por origem etimológica o termo grego "gnosis", que significa "conhecimento") estas heresias tornaram-se bastante popular entre os residentes nas igrejas da Ásia e Palestina devido ao processo de helenização, embora alguns eruditos discordem de um proto gnosticismo do II Século:
É dito que o tipo de heresia exposta é gnosticismo do segundo século.isto foi discutido na sessão sobre II Pedro, e determinado que este argumento não pode ser sustentado. A heresia era uma “visão do mundo” do primeiro século...( DAVID, Broadus Hale, Introdução ao estudo do Novo Testamento, Hagnos, 2001, p.400).

No entanto esta definição subjectiva afirmando de forma geral que a heresia do I século tratava-se de um tipo de “visão do mundo” não expõe de forma restrita o mais amplo que seria o contexto, pensamento e influências diversas que havia no período em que João assim como Judas combateram os erro dos falsos mestres denunciando-os haja vista que os seus ensinos haviam entrado na igreja e dessa forma ambos exortaram os crentes a perseverar na preservação da verdade do evangelho e fugir de todos os erros.
Berkhof na história das doutrinas cristãs trata esses falsos ensinos denominando-os de perversões gentílicas do evangelho e nos remonta a forma
rudimentar dos seus ensinos já na era apostólica :

Há indicações, no Novo Testamento, de que o gnosticismo já aparecera em forma incipiente nos dias dos apóstolos. Havia, já naqueles dias, mestres heréticos que derivavam seu impulso imediato do judaísmo, ocupando-se em especulações acerca de anjos e espíritos, e que se caracterizava por um falso dualismo, que redundava em ascetismo, por um lado, e libertinagem imoral pelo outro. (BERKHOF, Louis ,História das doutrinas cristãs, PES, 1993, p.44).

Assim com as perversões judaicas surgiram nos círculos rabínicos e se disseminaram entre as regiões e províncias onde havia forte influência grega, eruditos acreditam que seus falsos ensinos rudimentares surgiram possivelmente no período da ascensão de igreja, nos dias dos apóstolos, bem como o embate dicotômico que havia entre o ascetismo religioso de alguns grupos religiosos dentro do judaísmo como por outro lado a libertinagem que caracterizava outros grupos.
Possivelmente Judas esteja preocupado que estes “certos indivíduos” que infiltraram-se fraudulentamente. Pois o seu ensino consistia em uma doutrina baseada na libertinagem ou na prática de uma vida imoral: “Pois alguns homens que não temem a Deus entraram no meio da nossa gente sem serem notados, eles torceram a mensagem a respeito da graça do nosso Deus a fim de arranjar uma desculpa para sua vida imoral.” (BLH)
A razão para esta infiltração de novas idéias e heresias talvez esteja no fato de que as religiões ocidentais não mais satisfaziam os povos cada vez mais influenciados pela filosofia grega, isto abriu as portas para as seitas dentro e fora das regiões da Palestina, mais precisamente nas igrejas orientais, onde constantemente eram surpreendidas com uma nova idéia ou heresia.

O século I tem sido considerado como um período de “crise de consciência”. Antigas visões de mundo e ideologias tornavam-se cada vez mais antiquadas. Novos cultos proliferavam. As pessoas, desenraizadas de seus lares e terras tradicionais, deparavam-se com declarações de verdades conflitantes conforme iam se reintegrando. As misturas e combinações entre crenças e comportamentos criavam o pluralismo que era somente com as religiões exclusivistas e fechadas, como o judaísmo e cristianismo. (BLOMBERG, L. Graig, Jesus e os evangelhos, Vida Nova, 2009, p.46).

Este seria um possível cenário descrito pela epistola de Judas, visto que diligentemente pregadores itinerantes foram abraçados avidamente por algumas igrejas, o seu alvo era satisfazer a sede por um conhecimento mais profundo de Deus, esta proposta levou o gnosticismo embrionário a um nível bastante atraente entre seus seguidores. Trataremos a diante de uma forma mais restrita os ensinos do docetismo e gnosticismo.

Propósitos e objetivos de Judas 1ª, 2ª e 3ª carta de João.

O foco destas cartas não está nas reafirmações teológicas que encontramos, por exemplo, nas cartas de Paulo, o que devemos considerar é algumas situações bastante específicas e peculiares naquela ocasião e local, o foco, portanto seria numa situação atual que necessitava de uma resposta imediata firme e contundente e isto nós percebemos claramente na 1ª de João, 2ª e 3ª e Judas.

É bom lembrar que o objetivo destas cartas não necessariamente foram escritas a uma igreja específica ou família como, por exemplo, na 2ª de João nós temos: (O Presbítero a senhora Eleita) embora haja três possibilidades quanto a pergunta: Quem era esta senhora eleita? Por hora ficaremos com a mais aceita de que a maioria dos eruditos credita que foram escritas aos cristãos de uma forma geral especificamente a igrejas localizadas na província da Ásia, daí sua classificação entre as epístolas gerais.


Qual o propósito e a quem escrita foi escrita à carta de Judas?

Não há afirmações conclusivas quanto a quem Judas estava pensando ao escrever esta carta se não as suposições correntes nos círculos de erudição de que provavelmente Judas tendo em vista uma situação de emergência sentiu-se obrigado a escrever as pressas uma carta que de forma objetiva e compreensiva e desta forma os seus ouvintes eram conhecedores dos termos e palavras escritas por Ele. Sendo assim não havia necessidade de uma exposição exaustiva do erro dos falsos mestres nem tão pouca a usual identificação das cartas endereçadas as igrejas tanto de Judeus como de gentios. Note também ouso da expressão “comum salvação” como afirma Michael Green:

Judas nunca teve o propósito de escrever esta carta! Propondo-se a escrever (o presente do infinitivo graphein sugere “ num estilo lento”? Acerca da nossa comum salvação foi forçado a pegar a sua pena às pressas (o aoristo do infinitivo grapsai ) por causa da notícia de uma heresia perigosa. Ao invés de escrever uma carta pastoral viu-se escrevendo um volante.( GREEN, Michael Comentário de II Pedro e Judas- - Mundo Cristão- 1983- p.151)

Apesar de não identificarmos claramente o endereçamento dos leitores da epístola de Judas podemos nitidamente perceber que o propósito foi de despertar os seus leitores e chamar-lhes a atenção a uma questão fundamental para preservação da sã doutrina que era a defesa da fé contra a apostasia. Percebe-se um propósito diretamente utilitário em advertir contra uma heresia que surgira de repente. A preocupação de Judas não foi com a Teologia propriamente dita mais Ele a considerou um breve, definitivo e firme posicionamento que exortava aos seus ouvintes a que mantivessem a fé que foi dada aos santos. (v3)

Quem eram os falsos mestres na carta de Judas?

Pouco se sabe sobre Eles a não ser pelas próprias peças deste pequeno, porém complexo quebra cabeça. Os falsos mestres descritos por Judas são indiretamente identificados como “indivíduos que se introduziram com dissimulação”(v4).Pois alguns indivíduos infiltraram-se fraudulentamente). Ou seja, alguns destes falsos mestres que são talvez alguns daqueles pregadores itinerantes que entraram sem ser apercebido nas comunidades e igrejas locais. Se adotarmos a definição do Léxico de F.Wilbur Gingrich :

(v) infiltra-se fraudulentamente ou introduzir-se inadvertidamente Jd.4. (F.Wilbur Gingrich,Léxico do Novo Testamento- Vida Nova-2007-p. 158).

Judas os acusa de praticarem a libertinagem e nisto se assemelha a definição de Berkhof: “...Caracterizava por um falso dualismo, que redundava em ascetismo, por um lado, e libertinagem imoral pelo outro.” [grifo nosso]. Este era em base o ensino difundido entre os falsos mestres que entraram nas comunidades e nas igrejas sem serem percebidos participavam das festas conhecida pelos cristãos como as Ágapes, introduziram divisões e conseguia convencer alguns, daí a pressa de Judas escrever esta carta para tratar com urgência os erros que estavam circulando nas igrejas.

O que reforça a tese de que esta carta foi escrita de uma forma geral, sem a pretensão de atingir uma igreja ou comunidade específica se reforça no fato de que o autor reafirma a necessidade de lembrá-los dos acontecimentos descritos na תּוֹרָה (Toha) e na obra apócrifa Judaica: A Assunção de Moisés. Sobre eles também é dito que tem algumas experiências que os elevam a um nível de experiência utópica que é definida como  (sonhador) sobre esta afirmação temos a seguinte informação:

Ao que parece tem experiências extáticas, que o autor chama de delírios .E se consideram superiores aos anjos (8.10). Parece que se situam acima da moral... (História da Literatura Cristã Antiga Grega e Latina-Cláudio Moreschine e Enrico Norelli-Edições Loyola-1996-p.180)

Algo digno de notável observação é a terminologia usada por ambos para designar os disseminadores dos falsos ensinos: 1 João 2:18; 4:1: (Anticristo), (pseudo profeta ou falso profeta). 2 João verso 7: ( enganador ou impostor) (Anticristo) e Judas (Alguns indivíduos). (A palavra derivada de s=humanidade.) Todos estes hereges do I e II século perturbavam a paz e harmonia da igreja é contra eles que os apóstolos estavam exortando a igreja a preservarem na genuína fé Cristã.
Seus ensinos heréticos estavam ameaçando a sã doutrina que os apóstolos com muito trabalho estavam preservando então Judas os faz lembrar: “” “Vós mais amados, lembrai das palavras anteriormente ditas pelos apóstolos.”(Jd. 17). Na expressão Aquilo que é dito, Palavra, dito expressão. dito antes, dito previamente ou mencionado anteriormente. Indica a preocupação de Judas com o ensino apostólico do qual eles deveriam perseverar, persistir naquilo que foi ensinado pelos apóstolos, e que não deveriam se desviar das instruções que receberam no passado e que deveriam continuamente batalhar em prol desta doutrina apostólica. A fortes indícios nesta epístola que os falsos mestres queriam instruir-los de forma contraria ao ensino apostólico e esta era a preocupação principal de Judas para que os irmãos não fossem enganados.
Algo semelhante Lucas registra em atos: ”E perseveravam na doutrina dos apóstolos” ”Doutrina dos Apóstolos”. A preocupação está expressa neste versículo, com a dos apóstolos, com o ensino dos apóstolos, com a instrução. Algo que os falsos estavam fazendo era distorcendo a instrução apostólica, estavam deturpando a verdade. Esta era uma das marcas dos falsos mestres itinerantes que Judas enfrentou nesta ocasião. Ao que parece podemos defini-los de impostores, tinham a aparência de profetas vindos de Deus para anunciar o evangelho, viviam entre os irmãos, se utilizaram da hospitalidade alheia para se beneficiar, no entanto não passavam de falsários.

Qual o propósito das cartas de João?

As três epístolas de João estão incluídas no grupo de escritos neotestamentários denominados Epístolas Gerais. Esta classificação pode ter sido útil par separar e identificar os vários livros do cânon. A primeira não tem característica usual de uma carta ( identificação introdutória do autor, emitente, remetente, encerramento e saudações finais), e a segunda e terceira são breves, pessoais e dirigidas a leitores específicos tratando de assuntos específicos.

A primeira epístola, por exemplo; foi escrita num tempo em que falsa doutrina, do tipo gnóstico, havia surgido e até levado alguns a se afastar da igreja (2.19). O gnosticismo assumia muitas formas, porém sua idéia fundamental parece que sempre foi a seguinte: a matéria é má, só o espírito é bom, porém pelo saber ( gnosis), de uma espécie só conhecida pelos iniciados, o espírito do homem pode libertar-se de sua prisão material e erguer-se para Deus. Onde tal sistema se associou ou se uniu ao Cristianismo, seguiram-se resultados sérios. Em primeiro lugar, negava a possibilidade de uma real encarnação, porque, sendo Deus bom, não Lhe era possível que viesse a entrar em contacto com a matéria má; e isto, por sua vez, afastava a possibilidade da expiação, porque o Filho de Deus não podia ter sofrido na cruz. Algo interessante sobre a o ensino gnóstico nos é informado:

Ora, sabemos... por isto, é frase característica da epístola. Às vezes, como aqui, a palavra é gnoskomen, presente verbal significando “vimos saber” ou “percebemos” (vinte e cinco vezes nesta epístola, no presente, no aoristo e no perfeito); às vezes é oidamen, o perfeito do verbo eidenai, e significa “sabemos de fato” , não pela percepção mais como algo evidente por si mesmo. (STOTT, John R. W.I, II e III João Comentário, Vida Nova, 2008, p.78)

A repetição destas expressões ao longo da epístola de João mostra de forma explicita a intenção primitiva do autor de fornecer provas conclusivas e contundentes pelas quais os cristãos tivessem possibilidade de discernir o verdadeiro cristão dentre os demais conforme: “Estas coisas vos escrevo, a vós que credes no nome do Filho de Deus.” (I Jo 5:13).

De forma geral os gnósticos em particular se arrogavam conhecimento de Deus, que tinham sido iluminados pela verdadeira gnosis. João não nega a possibilidade de que tal conhecimento fosse possível mais não que este fosse algo sublime e reservado a um tipo de elite cristã mais que deveria vir acrescido de um conhecimento empírico. Este conhecimento experimental de Jesus não era nenhuma inovação ou coisa recentemente inventada, nem se ocupava de alguma figura mitológica, como as formas vagas dos mistérios gregos, mas de uma Pessoa genuína e histórica, que fora ouvida, vista e até apalpada: “O que era desde o princípio, o que ouvimos, o que vimos com os nossos olhos, o que contemplamos e as nossas mãos apalparam, a respeito do Verbo da vida.” I João 1:1) A mensagem do Evangelho não é uma teoria ou conto de fadas, mas o registro da vida e da presença entre os homens do Deus vivo, de forma tangível na pessoa de Seu Filho Jesus Cristo.
Igualmente, se a salvação vinha pelo saber, podia-se sustentar que era de todo sem valor uma vida correta, e as piores formas de gnosticismo acobertavam, com a capa do saber, repugnantes licenciosidades. Esta epístola tem por finalidade, expressamente declarada, expor e refutar essas idéias errôneas. João apresenta nesta epístola três sinais de um verdadeiro conhecimento a respeito de Deus e de comunhão com Ele, sem o que era falsa toda pretensão de se possuírem estes altos privilégios. Os três sinais são, primeiro, justiça de vida; segundo, amor fraternal; e terceiro, fé em Jesus como Deus encarnado". Esses três temas surgem continuamente, aqui e ali, através da carta.
Esta epístola é orientada por dois grandes pensamentos acerca de Deus. Deus é luz (1.5) e Deus é amor (4.8-16). Deus é o sol do firmamento espiritual, a fonte de luz para o espírito, e de calor para o coração dos Seus filhos. Daí procede a responsabilidade que os filhos tem de viver de acordo com os elevadíssimos padrões morais e, isto é, enfatizado repetidamente ( 2.1-6; 3.3,6,9; 5.1-3). Entanto, algo notável sobre a exortação nesta epístola é que não encontramos nada parecido com admoestação ríspida; pelo contrário. O escritor dirige-se aos leitores com conhecimento íntimo deles, com solicitude paternal e interesse afetuoso; "Filhinhos", "Amados", "Filhinhos, ninguém vos engane", "Filhinhos, guardai-vos dos ídolos". Embora o propósito de João fosse combater as heresias e falsos ensinos ele não perdeu o foco do amor cristão e tratou estes assuntos com bastante rigor mantendo o equilíbrio entre o zelo e o respeito aos irmãos.


Qual o tipo de heresia, Quem eram os falsos mestres e como foram combatidos por João em suas cartas?

Em geral eruditos do Novo Testamento concordam que é o gnosticismo o tipo da heresia combatida entre o I e II século. Mais a pergunta talvez seja: Qual tipo de gnosticismo? E esta pergunta se faz necessário pelas ramificações desta linha de pensamento que tratamos anteriormente de forma resumida. Dentro desta linha de pensamento basicamente o gnosticismo se desenvolveu em dois principais grupos: O Docetismo e o Cerintianismo. Estes dois imergiram no cenário histórico do II século e desenvolveram seu corpo doutrinário bastante definido.

Embora possamos perceber de forma sucinta os problemas enfrentados nas igrejas da metade do primeiro século é uma tarefa bastante difícil precisar quais foram às heresias enfrentadas por João. Alguns problemas com os “anticristo”. Possivelmente estes eram também os profetas itinerantes que entraram de forma sutil dentro da comunidade cristã. João explica que embora estivesse todo o tempo no nosso meio como se fossem autênticos cristãos eles não permaneceriam enganando-os por muito tempo, logo sairiam: “Saíram dentre nós, mas não eram dos nossos; porque, se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco; mas todos eles saíram para que se manifestasse que não são dos nossos.”(I Jo 2:19).

Com base neste texto, podemos identificar que os anticristos haviam sido membros da igreja e deixaram de espontânea vontade. Eles desviaram dos preceitos doutrinários e apareceram mais tarde como falsos profetas que tentavam desviar os membros da igreja( I Jo. 2:26)

Em resumo; podemos definir o docetismo que deriva do grego o verbo que significar parecer, ensinava que Jesus não foi uma pessoa real, de carne e sangue; ele era uma espécie de espectro ou um fantasma como alguns definem. Que Jesus apenas parecia com uma pessoa com um corpo físico formado por substâncias físicas, mais não podia ser material já que a matéria é má e Deus não poderia encarnar, sofrer dores físicas e morrer.

João trata do problema cristológico levantado pelos falsos profetas que negavam a encarnação de Jesus, há nestas afirmações fortes evidências que o proto - docetismo tenha sido uma heresia que ele estava combatendo, visto que o autor confirma a doutrina de que Jesus Cristo é humano e divino e que é filho de Deus. Os falsos profetas recusavam-se a confessar que Jesus tinha vindo em carne( I Jo. 4:2,3 e II Jo: 7). Eles negavam que Jesus é o Cristo (I Jo.2:22). De sorte que Cristo não poderia jamais ter vindo em forma humana. João combate estas heresias exortando os cristãos a permaneceram firmes na verdade que ouviram desde o princípio: “Portanto, o que desde o princípio ouvistes, permaneça em vós.” (I Jo. 2:24).
O princípio doutrinário implícito na expressão “O que desde o princípio ouviste”. É que os cristãos deveriam permanecer firmes nos fundamentos e doutrinas apostólicas, que não se deixar enganar pelos ensinos novos que distorciam e divergiam dos ensinos doutrinários dos apóstolos. (At. 2:42). Ao que nos parece que as heresias docética era algo novo e elaborado com a pretensão de induzir e disseminar suas idéias. João combateu tais ensinos deixando claro a encarnação, morte e ressurreição de Jesus. (I Jo. 1:1, 2, 2:22, 4:2, ).
Em “Contra as Heresias” de Irineu temos o relato sobre um certo Cerinto que viveu no período apostólico em Éfeso:

Há também aqueles que ouviram dele que João, o discípulo do Senhor, ao ir banhar-se em Éfeso e percebendo a presença de Cerinto, precipitou-se para fora da casa de banho sem ter se lavado, exclamando: ‘Apresemos-nos, antes que a casa de banho desmorone, pois Cerinto, o inimigo da verdade, encontra-se lá dentro. ’ (IRINEU apud KISTEMAKER, Simon, Comentário do Novo testamento, 2006, p.287).

O cerintianismo que deriva do nome de Cerinto de Alexandria um de certa forma desconhecido que viveu em Éfeso. Que segundo relatos do I século foi contemporâneo de João e Policarpo. Ensinava que Jesus o filho natural de José e Maria, e o Cristo que desceu sobre a forma de uma pomba no momento do seu batismo, dominou completamente seu ser, e que antes da sua crucificação o abandonou e voltou para Deus. De sorte que Jesus morreu, ressuscitou e simplesmente desapareceu. Cerinto também insistia sobre a adoração no sábado e a circuncisão.

Conclusão:

Seria possível que João esteja na passagem da sua primeira epistola combatendo os ensinos de Cerinto: “Não vos escrevi porque não soubésseis a verdade, mas porque a sabeis, e porque nenhuma mentira vem da verdade. Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Esse mesmo é o anticristo, esse que nega o Pai e o Filho.” (I Jo. 2:21, 22).

Sua preocupação contra as idéias de Cerinto seria justificada, estas mentiras deste herege do I século poderiam trazer grandes problemas para a igreja primitiva em plena ascensão, assim como hoje negar a divindade de Jesus, negar a sua humanidade, os sabatistas modernos também devem ser combatidos com a mesma firmeza de João quando afirma que “nenhuma mentira vem da verdade” . Não podemos nos acomodar com estas heresias e deixar que elas se tornem populares entre os irmãos na igreja. Precisamos de forma objetiva, direta e firme dizer que são mentiras assim com eram nos tempos apostólicos.
No tempo presente marcado pelas heresias cíclicas, onde os erros do passando estão tomando uma roupagem nova, precisamos ser vigilantes para com as verdades objetivas da palavra de Deus. A igreja necessita da mesma atitude que tiveram os apóstolos diante dos falsos mestres e profetas itinerantes que traziam na bagagem seus erros, devemos repudiar seus falsos ensinos com a firmeza e zelo pela fé que uma vez por todas foi entregue aos santos.

Rev. Luciano Gomes da Silva

Bibliografia:

SCHOLZ, Vilson, Novo Testamento Interlinear, SBB,2008;

KISTEMAKER, Simon, Comentário do Novo testamento, Cultura Cristã, 2006;

Novo Testamento Grego,4ª Edição, SBB e DBG, 2009;

STOTT, John R. W.I, II e III João Comentário, Vida Nova, 2008;

MORESCHINE e ENRICO Norelli, História da Literatura Cristã Antiga Grega e Latina-Cláudio, Edições Loyola,1996;

F.WILBUR Gingrich, Léxico do Novo Testamento,Vida Nova-2007;

GREEN, Michael Comentário de II Pedro e Judas, Mundo Cristão, 1983;

BLOMBERG, L. Graig, Jesus e os evangelhos, Vida Nova, 2009;

BERKHOF, Louis ,História das doutrinas cristãs, PES, 1993;

DAVID, Broadus Hale, Introdução ao estudo do Novo Testamento, Hagnos, 2001

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Sola Escriptura

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Ser um Cristão reformado é está interessado em se reformar sempre.É prezar pelos princípios da reforma, e estar disposto a adaptar toda a vida e teologia ao exame final das Escritutras.